segunda-feira, 19 de julho de 2010

Pequenas histórias para fugir do estresse do cotidiano e viajar na imaginação...

TEXTO 1

PRODUZIDO POR Daniela Sampaio

Shangrilá

"Na noite de estreia do circo

vai completa toda a família.

Vai completa, e só quando volta

se vê que incompleta da filha."


Era uma noite tecida com chamas estonteantes, se não mágicas, de forma que, inevitavelmente, iam buscar no âmago daquela pequenina de olhos azuis ou verdes os seus mais bem talhados sorrisos. Ela nunca sentira assim. Ela sequer se permitira sentir assim. Em todo seu nicho irresistível, aquele abismo escuro e convidativo de sensações lhe dizia que, dali a um passo, não haveria volta que se pudesse dar. Agora era tarde - ela já tinha pulado.

E, por mais e mais, deixava-se perder naquele mar de cores que a preenchiam e a possuíam, fundindo-se em uma só partícula de ser; o desejo de voar mais alto.
Não via mais o bilheteiro, não mais o baleiro, nem o moço angustiado com o brinquedo preto na mão. Nada importava. Toda a engrenagem do seu diafragma agora estava ali, naquela tenda de magia e barulho muito alto para que ouvisse qualquer outro apelo a sua atenção.

Vez ou outra, sons esganiçados chegavam aos seus ouvidos, imagens que andavam apressadas diante de seus olhos... Nada que a desviasse; nada que a impedisse. Era como se o mundo estivesse a sua espera.

E, num piscar, deu-se o ruído. Irrevogável.

Houve um espaço antes que sentisse o ar novamente. A menina abriu os olhos. Era uma noite tecida com chamas estonteantes, se não mágicas, de forma que, inevitavelmente, iam buscar no âmago daquela pequenina de olhos azuis ou verdes os seus mais bem talhados sorrisos. Grande como nunca.


Era o paraíso perdido.

Depois de ler esse texto, você deve ter percebido que, para compreendê-lo, precisa saber o que é eufemismo, metáfora e saber usá-los. Além disso, é bom ter um vocabulário diversificado! Brincadeira! :D Entendendo o que se passa na história, não importa se se sabe muito ou não para achá-la interessante e criativa.


TEXTO 2

REDAÇÃO PRODUZIDA POR Anna Victória Amorim

Ao ler a próxima narrativa, realmente nós viajamos no tempo e na imaginação. Conseguimos enxergar a história, o cenário e os personagens agindo na nossa frente.

Entre ficar ou morrer

1986. Mal raiava o dia, e o sol já parecia escaldante. A paisagem que se via era uma seca intensa, a vegetação esparsa e o gado desnutrido. Estamos em Cajazeiras, interior da Paraíba, em pleno verão. O lugar era dominado pela escassez, pois estava há mais de um mês sem chuvas.

Os habitantes daquele pequeno município estavam sofrendo intensamente com as conseqüências do clima semi-árido dominante, que abrangia toda a região. Estava eu dentre aquelas crianças que mais sofriam com a miséria. Além disso, minha família não tinha condições de pagar o aluguel da nossa humilde casa e muito menos de conseguir arcar com a minha educação e a de meus dois irmãos. Não que eu fizesse questão, porque eu tinha apenas cinco anos, mas eu adoraria ter tido a oportunidade de ter freqüentado a escola primária.

Meus pais, Maria do Carmo e José Cleonâncio, se casaram cedo e esse casamento foi fruto de uma promessa de ambas as famílias. Com muito sacrifício conseguiram alugar uma casa onde fomos criados. Formara-se então a família Silva. Meu pai era lavrador e minha mãe ajudava como costureira da nossa vizinhança. O tempo foi passando e a região parecia cada vez mais vítima do clima que lhe era predominante e não havia quantidade suficiente de carros-pipas para abastecer Cajazeiras.

Foi nessa situação que, em 1986, minha família decidiu sair daquela visível situação de pobreza e ganhar a vida na cidade grande. Maria queria muito ir para uma cidade do próprio nordeste, porém José Cleonâncio acreditava que em São Paulo haveria maiores possibilidades de emprego. Passou-se um mês de decisões, até que em 15 de fevereiro desse mesmo ano, nós tomamos rumo à grande São Paulo.

Até chegarmos ao nosso destino, pegamos paus-de-arara, ônibus e caronas com caminhoneiros. Mesmo sem muito notar, meus irmãos, que eram mais velhos que eu, compreendiam que a nossa saída da Paraíba não tinha acontecido por livre e espontânea vontade, mesmo assim estavam dispostos a trabalhar como operários com meu pai nas indústrias da cidade.

Ao pisar oficialmente naquela imensa cidade, seguimos em busca de hospedagem. No início, tivemos dificuldade para achar bom pouso, até que finalmente entramos em uma pensão simples no centro da cidade e tivemos condições de nos hospedar nela. Nos dias que se seguiram, meus pais passavam o dia fora à procura de emprego e, ao final do dia, chegavam com dois pães para dividir entre nós. Discussões entre eles se tornaram frequentes, uma vez que minha mãe Maria não se conformava, pois achava que ir para algum lugar nordestino teria sido melhor.

1995. Pouco havia mudado e eu já bem entendia que a situação estava de mal a pior. José apenas conseguia pequenos empregos. Do Carmo trabalhava como doméstica enquanto eu e meus irmãos vendíamos doces em ruas movimentadas.

Meus pais quase não viam a gente, pois vez ou outra dormíamos na porta de igrejas. Foi em 20 de agosto desse ano que algo terrível aconteceu: uma chacina na frente da igreja em que estávamos. Era noite e estava tudo escuro e foi nesse momento que surgiu uma gangue de garotos delinqüentes armados. Foi tudo tão rápido que eu só ouvia tiros. Quando me dei conta, eu estava com um de meus irmãos, porém percebi claramente que jamais veria o outro. Aquilo foi muito duro conosco, mas não havia tempo para lamentações. O melhor que podíamos fazer era seguir nosso destino e talvez, algum dia, voltarmos para nossa terra.

5 comentários:

  1. eeh pq se eles n tiverem pao, n vao ter agua

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  2. Gostei muiito das historias e viajei nelas pra caramba!!! tambem achei essa ideia de "historias" muito boa, quando eu estiver estresada com os estudos, podem deixar, que vou entrar de novo e lê-las!

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  3. a galera da firma leu um klivro de arthur chopenhause e comparada a essa história nós gostamos muito, e parabéns grande texto!

    esperamos ver um comentário de luzia do bem!

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